“E se a gente formasse a próxima geração de profissionais de tecnologia?” Esta é a premissa do Prototipando a Quebrada – PAQ, projeto social periférico de educação tecnológica que, desde 2018, acontece nos espaços de sensibilidade social da área metropolitana de Florianópolis.
Para conhecer um pouco mais sobre o PAQ, conversamos com Jefferson Lima, idealizador do projeto e referência nacional em projetos sociais que englobam a área tecnologia. Acompanhe nossa conversa!
O que é o PAQ?
Somos um projeto social de educação tecnológica que promove a inserção de jovens periféricos no mercado de trabalho de tecnologia na Grande Florianópolis. E, além de um projeto social, nós também somos uma comunidade de aprendizagem.
Acreditamos que a transformação se faz no coletivo e temos como propósito ser um espaço de troca de conhecimento que capacite e oriente jovens periféricos a ocuparem os espaços dentro dos centros de inovação.
Por este motivo, a gente se vê como um HUB que conecta a potência da juventude periférica com as oportunidades dos espaços de inovação e tecnologia.
Como surge o nome Prototipando a Quebrada?
Ele surgiu em 2018, quando resolvi desenvolver essa ideia de formação tecnológica para periferia. Eu já fazia isso um pouco, e eu queria trazer um pouco alguma coisa relacionado a quebrada, favela
Acabei lembrando que em São Paulo a gente utilizava muito o termo quebrada, relacionando-o com a periferia. Falávamos muito “lá na minha quebrada”, aí juntei com a ideia de protótipo, desenvolvimento de ideias e levar processos de forma mais manual.
Quantos jovens já foram impactados com o PAQ?
Desde que iniciou, o PAQ já impactou 195 famílias com seu processo de imersão.
Atualmente, desde o começo do ano, temos 19 educandos em processo de aceleração, com a estimativa de receber mais 30 educandos em março para o projeto. Assim seguimos com a meta de impactar mais 150 famílias até o fim de 2022.
Qual é o sonho do Jeff que incentivou a criação do PAQ? O que você vislumbra no futuro?
Bom, eu cresci na periferia. Sou de São Paulo, na zona norte. Era tão longe que era quase a divisa com Minas Gerais (risos). Contudo, eu gosto de dizer que tive os direitos garantidos, como o de estudar.
Eu cresci numa família onde meu pai não era alcoólatra e não batia na minha mãe e eu vi como a educação poderia mudar minha realidade. Fiz cursos técnicos, faculdade, mestrado e fui impactado por esse processo de educação e, sobretudo, educação tecnológica.
Aí, em 2013, quando terminei meu mestrado, comecei a trabalhar numa comunidade aqui em Florianópolis, realizando oficinas de educação tecnológica e eu percebi que elas geravam engajamento muito grande com os jovens.
Foi aí que pensei: “bom, tem uma oportunidade de transformação de vida”. E foi um processo até chegar nos dias de hoje. Meu grande sonho é demonstrar que a tecnologia é algo palpável, que ela poderia ser um caminho, não só o esporte ou até mesmo o tráfico.Era evidenciar que as crianças, jovens de adolescentes de periferia podiam sonhar também.
Já falando sobre futuro, nós queremos ser o maior HUB, espaço de conexão, de projetos de origem tecnológica no âmbito periférico, e estamos trabalhando para isso!
Eu gosto de dizer que o desejo é que tenhamos jovens periféricos nas universidades, trazendo inovação.
Hoje eu vejo que nós estamos construindo uma sapata, a primeira parte da construção de um prédio. Mas eu já consigo ver um prédio com o primeiro, segundo, terceiro, décimo andar, a cidade, o bairro. Isso virou um movimento. O jovem que sai do PAQ e vai para uma empresa de TI, não sai do projeto e isso é muito, muito importante.
Você sente que a relação com a comunidade local da Pedra Branca (empresas, pessoas, iniciativas e lideranças) ajudaram o PAQ a ser o que é hoje?
No momento, estamos num processo de aproximação do PAQ junto com a comunidade local do bairro Cidade Criativa Pedra Branca. Fizemos algumas saídas técnicas, além de estarmos no INAITEC, entendendo melhor o ecossistema.
É um processo que estamos desenvolvendo. Hoje, nossa relação vem crescendo, mas ainda é incipiente. Eu acho que é um dos pontos de atenção do PAQ para 2022: queremos desenvolver mais os laços com a comunidade local.
Conta-nos um pouquinho de como é a parceria que o PAQ tem com o Inaitec? E com a empresa Impact Hub Floripa?
Atualmente, nós somos a primeira ONG incubada no INAITEC e isso é muito legal. Um ponto importante é que nossa primeira unidade também foi montada junto ao INAITEC. Chegamos neles graças a pessoas que acreditam no projeto.
Estar dentro de um centro de inovação é muito bacana, não apenas pelo espaço físico, mas pela possibilidade de colocar em prática o desenvolvimento destes jovens, apresentando eles ao ecossistema de contratação.
Temos contato com as empresas incubadas e eles começam a ver o valor agregado que geramos junto aos jovens da periferia.
Já com o Impact HUB Floripa nós somos a primeira turma do edital do impacto do HUB, que aconteceu no final de 2018 e começo de 2019. Foi onde começou a ser criado o corpo do que viria a se tornar o Prototipando a Quebrada. Afinal de contas, nessa época era tudo apenas uma ideia onde, embora já tivessem rodado alguns MVP, foi nesse processo de acompanhamento que consolidamos a estrutura atual. E outro ponto muito legal é que juntos desenhamos parcerias que estão levando o QAP a outras comunidades, graças a nossa parceria. E isso é muito legal!
Como faço para ajudar o PAQ?
Existem várias formas, tanto para pessoas físicas quanto instituições, seja com doações de equipamentos, seja com plano de aporte e financiamento na formação de jovens, mentores e voluntários na área de programação, design e tecnologia, parcerias com doações de insumos alimentícios e até mesmo com a contratação de jovens do PAQ.Todas essas são maneiras de ajudar. Quem quiser saber mais, pode acessar nosso site https://prototipandoaquebrada.org/ e entrar em contato com os telefones que estão lá. Assim, poderá fazer parte desta transformação.
Existem várias formas, tanto para pessoas físicas quanto instituições, seja com doações de equipamentos,
Muito falamos aqui sobre cidades inteligentes e, apoiar iniciativas como o PAQ condizem com nosso propósito. Por isso, agradecemos ao Jeff pelo tempo disponibilizado e pelo trabalho que vem sendo desenvolvido em nosso ecossistema. Agora, para finalizar, bora seguir o Prototipando a Quebrada no Insta? Basta seguir o @prototipandoaquebrada.