Escrito por Laura Manchein e Ana Hoffmann, do Impact Hub Floripa.
Quando falamos sobre o futuro do trabalho e das relações, estamos sempre nos questionando para onde os avanços tecnológicos nos levam. O digital nos aproxima ou nos afasta? Esse debate ainda não teve um veredicto e vai render muitas conversas pela frente.
Porém, enquanto alguns números parecem indicar indivíduos cada vez mais isolados e individualistas, novas tendências vão na contramão desse movimento. Notamos mais grupos, conexões, encontros de ideias e a busca pelo crescimento em conjunto: o futuro, para nós, está nas comunidades.
A formação das comunidades
Nas primeiras formações de comunidade, o homem começou a se relacionar para sobrevivência. Com a evolução, se desenvolveram os meios de produção coletiva, agricultura, domesticação de animais e as trocas passaram a ser a base dessas relações – incentivando a colaboração. Nestes espaço, criavam-se acordos e compartilhavam um modo de vida – e são essas características que fazem parte das nossas comunidades hoje: da família, da universidade, dos amigos, do trabalho, etc.
Desde o ano 2000, vimos diversas mudanças no que diz respeito à economia, ao trabalho, à natureza e às relações interpessoais. Isso se deve às diversas inovações tecnológicas que estamos presenciando. Compreendemos o impacto gerado de uma floresta que pega fogo no Norte do Brasil estando no Sul do país. As inovações que acontecem no Vale do Silício são implementadas aqui em Florianópolis em um espaço curto de tempo. Isto se dá pela existência de diversas comunidades que colaboram, compartilham notícias e metodologias e entendem a importância de se conectarem.
Temos alguns exemplos da materialização dessa tendência. O Facebook, por exemplo, deu um “upgrade” na sua missão, colocando para este ano as comunidades no centro: grupos sobre música, sobre negócios, feminismo e muitos outros passaram a “repopular” esse ambiente. Já a Wikipedia criou a “Wiki Tribune Social”, uma rede social para discussão e debates com fatos checados por meio de grupos que se auto-moderam.
A comunidade do Impact Hub Floripa
Nós do Impact Hub Floripa vivemos essa tendência no dia-a-dia. Colocamos como princípio o estímulo à colaboração entre os nossos membros, tanto no mundo online quanto no offline. A fim de conectá-los, oferecemos a eles duas plataformas: a primeira delas é o Community App, uma rede social de conexão global com toda a rede do Impact Hub; a segunda é o Community tool, que acabamos de lançar e impulsiona a conexão local – funcionando como uma marketplace, onde o membro pode oferecer os seus serviços e produtos para outro membro ou encontrar o que precisa de forma rápida, fácil e online. Olhando para o offline, organizamos cafés semanais para troca de ideias e também eventos mensais que tenham como objetivo o encontro, seja ele de pessoas, de projetos ou experiências.
Essas ações estão refletidas em nossa comunicação. Dizemos que somos uma empresa zebra* e andamos em bando. Esse discurso transborda para a nossa comunidade e se reflete em dados: entre 2018 e 2019, 81,3% dos nossos membros afirmaram que fizeram parcerias e colaboraram entre si; eles nos contaram ainda que dedicam em média 2h por mês para mentorar e receber mentorias ou feedbacks de outro membro.
As demandas dos membros geram soluções para a comunidade. A partir desse movimento, criam-se laboratórios vivos que ecoam nos produtos que co-produzimos. E o que faz estes ambientes serem assim? Uma cultura de colaboração, que fazemos com que os integrantes sintam confiança uns nos outros, entrem em acordo sobre seu funcionamento, e tenham coragem para agir e se manifestar de acordo com o que sentem. Não se apoiando em uma liderança fixa, mas contando com as relações que compõe o espaço, um produto de co-construção.
As comunidades vão além de espaço físicos, abrangendo as pessoas e o que elas compartilham, como elas se conectam, como se ajudam e contribuem para o crescimento do todo. Diante das novas tendências das relações de trabalho, fica a questão: se eu faço parte de uma sociedade em conexão, que ponto eu sou nesta rede?